O debate sobre a economia proporcionada pelos veículos elétricos é uma questão relevante no cenário atual do Brasil. A diferença de custo por quilômetro rodado entre veículos elétricos e tradicionais levanta dúvidas sobre qual modelo é realmente mais vantajoso. Quando se analisa apenas o custo energético, os veículos elétricos têm uma vantagem, pois o custo para recarregar é, de fato, mais baixo do que o de abastecer com combustíveis fósseis.
A análise realizada pelo professor José Roberto Moreira, do Instituto de Energia Elétrica da USP, ilustra uma realidade interessante em relação ao custo total de possuir e operar veículos elétricos e convencionais. Segundo seus cálculos, rodar em um veículo elétrico custaria aproximadamente R$ 2,20 por quilômetro, enquanto em um veículo tradicional, esse custo seria de cerca de R$ 1,90. Este cenário considera vários fatores além do custo por quilômetro, incluindo o preço de aquisição, depreciação, e potencial de revenda.
Quais são as barreiras financeiras dos veículos elétricos?
A principal barreira enfrentada pelos veículos elétricos no Brasil é o elevado preço de venda. O Renault Kwid E-Tech, por exemplo, tem preços a partir de R$ 99 mil, enquanto modelos tradicionais, como o Fiat Mobi, são oferecidos a partir de aproximadamente R$ 73.990. O custo inicial mais alto dos veículos elétricos os torna menos acessíveis à classe média brasileira, que costuma priorizar fatores econômicos na escolha de um carro.
- Renault Kwid E-Tech: cerca de R$ 99.000
- Fiat Mobi (combustão): cerca de R$ 73.990
- BYD Dolphin Mini: aproximadamente R$ 115.800
- JAC E-JS1: a partir de R$ 126.900
Essa disparidade de preços é um fator significativo que dificulta a adoção de veículos elétricos por parte da população em geral, especialmente quando o mesmo orçamento poderia ser utilizado para adquirir um veículo convencional mais barato.
Veículos elétricos valem a pena para quem dirige muito?
Para aqueles que utilizam intensivamente seus veículos, os elétricos podem ser uma escolha acertada. A economia no custo de abastecimento pode compensar o investimento inicial elevado. Esses veículos têm uma eficiência de aproximadamente 6 km por quilowatt-hora, com o custo do kWh em torno de R$ 0,80, resultando em um custo por quilômetro consideravelmente mais baixo, entre 10 a 15 centavos, excluindo outros custos.
Pessoas com maior poder aquisitivo, que já planejam gastar mais de R$ 100 mil em um carro, também podem achar vantajoso optar por um modelo elétrico, dado o potencial de economia a longo prazo em taxas de operação.
Como as tarifas de energia afetam o custo de veículos elétricos?
Uma preocupação comum entre consumidores durante períodos de crise hídrica e aumento das tarifas de energia elétrica é o impacto financeiro no uso contínuo de veículos elétricos. A bandeira vermelha, aplicada recentemente, gera receios quanto a um aumento considerável nos custos de recarga. No entanto, análises indicam que esse impacto é relativamente pequeno.
De acordo com o professor Moreira, mesmo em condições de bandeira vermelha tipo 2, a influência no custo por quilômetro não é significativa. Por exemplo, um aumento de 10% na tarifa de energia levaria apenas a um incremento de 0,5% no preço de operação de um veículo elétrico. Portanto, o custo efetivo de R$ 2,20 por quilômetro aumentaria apenas R$ 0,02, confirmando a resiliência dos custos operacionais dos carros elétricos frente a flutuações tarifárias.