A construção civil brasileira enfrenta uma crise silenciosa que pode comprometer sua continuidade e o crescimento do mercado imobiliário: a escassez de trabalhadores qualificados. De acordo com o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), o custo da mão de obra aumentou 69% nos últimos dez anos. Esse aumento reflete as dificuldades do setor em contratar profissionais capacitados, com 90% dos empresários relatando problemas para encontrar trabalhadores, especialmente pedreiros, serventes e carpinteiros.
Essa falta de mão de obra tem gerado impactos diretos, como o adiamento de obras. Pesquisa revela que 70% das empresas precisaram postergar entregas nos últimos seis meses. Esse cenário afeta diretamente o mercado imobiliário, elevando os custos de construção e, consequentemente, o preço dos imóveis, o que pode esfriar a demanda, especialmente entre as classes média e baixa.
O envelhecimento da força de trabalho agrava ainda mais a situação. A idade média dos trabalhadores no setor é de 41 anos, e muitos profissionais experientes estão próximos da aposentadoria. Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, é urgente atrair jovens e trabalhadores informais para a construção civil, que oferece bons salários de entrada.
A solução pode estar na modernização do setor, com a implementação de novas tecnologias e a digitalização dos processos. Correia acredita que isso tornará o setor mais atrativo para os jovens, que preferem profissões menos exigentes fisicamente, mas com potencial de crescimento. Caso contrário, o Brasil poderá enfrentar um apagão de mão de obra nos próximos anos.