Em 2024, o real se tornou a moeda mais desvalorizada entre as 20 mais negociadas globalmente, perdendo 20,88% de seu valor em relação ao dólar. Enquanto a cotação do dólar começou o ano a R$ 4,85, no dia 19 de dezembro, fechou em R$ 6,12. Esse cenário chama a atenção de economistas, que apontam diversos fatores internos e externos para a queda do real.
Internamente, o Brasil enfrentou dificuldades climáticas que afetaram a safra 2023/2024, impactando diretamente as exportações de commodities, uma das principais fontes de dólares no país. Além disso, a demora do governo federal em anunciar medidas fiscais e a incerteza sobre o pacote de corte de gastos geraram nervosismo no mercado, levando a uma maior demanda pelo dólar.
Externamente, a valorização do dólar foi impulsionada pela inflação nos Estados Unidos e pelas taxas de juros elevadas, que atraíram capital para o país. Esse fluxo de dólares para os EUA dificultou a oferta de moeda estrangeira em economias emergentes, como o Brasil, elevando o preço da moeda.
Embora o governo brasileiro tenha uma expressiva reserva cambial de US$ 363 bilhões, capaz de proteger o país contra ataques especulativos, a expectativa para 2025 é de alguma recuperação. A taxa Selic elevada e a previsão de aumento nas exportações de commodities devem ajudar a estabilizar o valor do real no segundo semestre do ano. No entanto, as medidas econômicas de Donald Trump podem continuar pressionando o câmbio.
A situação está longe de ser simples, e a tensão no mercado segue alta, com desconfianças sobre os próximos passos fiscais e econômicos.