A possível fusão entre as companhias aéreas Gol e Azul está gerando grande repercussão no setor da aviação. Caso seja aprovada, a união das duas gigantes poderá concentrar até 60% do mercado doméstico de aviação no Brasil, levantando preocupações sobre os efeitos para os consumidores.
Possíveis Aumentos nas Tarifas Aéreas
Economistas alertam que a concentração de mercado pode levar ao aumento dos preços das passagens. A lógica é simples: menos concorrência favorece a adoção de tarifas mais altas, já que as empresas dominantes têm maior poder de mercado. Além disso, a dívida das companhias, especialmente em dólar, poderia ser compensada por ajustes operacionais, como a elevação dos valores cobrados aos passageiros.
Outro ponto de atenção é a chamada “coordenação tácita”, em que a única grande concorrente restante – a Latam – poderia acompanhar os aumentos de preços, em vez de competir agressivamente.
Barreiras para Novas Empresas
Especialistas também destacam que a fusão pode dificultar a entrada de novas companhias no mercado brasileiro. A concentração de slots (vagas nos aeroportos), especialmente em hubs importantes como Congonhas, e a fidelização de consumidores em programas de benefícios tornariam o mercado menos acessível a novos players.
De acordo com Alessandro Oliveira, do ITA, a fusão criaria uma empresa “ultra dominante”, consolidando ainda mais o poder de mercado das duas companhias e limitando alternativas para os consumidores.
Para que a fusão seja concluída, será necessária a aprovação de órgãos reguladores, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O Cade, responsável por evitar abusos de poder econômico, pode impor restrições, como a venda de slots ou mudanças nos programas de fidelidade, para mitigar os impactos negativos.