Se você esteve navegando na internet recentemente, pode ter se deparado com o alarme de que o Brasil poderia se tornar inabitável em 50 anos devido ao calor extremo. No entanto, essa afirmação não é exatamente precisa. A origem do rumor está em um artigo da Nasa que foi mal interpretado por muitos.
O artigo em questão, “Quente Demais para Lidar: Como as Mudanças Climáticas Podem Tornar Alguns Lugares Quentes Demais para Viver”, publicado em 2022, não tem o Brasil como foco principal e não afirma de maneira alguma que o país inteiro ficará inabitável. Vamos esclarecer os pontos principais e entender melhor sobre essa questão.
Impacto das Mudanças Climáticas no Brasil
Para entender melhor a situação, é importante saber que o artigo da Nasa se baseia em um estudo anterior, “O Surgimento de Calor e Umidade Muito Severos para a Tolerância Humana”, de Colin Raymond, publicado em 2020. Esse estudo indica que o aumento das temperaturas globais, combinado com a umidade, pode fazer com que algumas regiões excedam 35ºC de temperatura do bulbo úmido.
O que é temperatura do bulbo úmido? Trata-se de uma medida que relaciona calor e umidade, sendo crucial para verificar o ‘estresse térmico’. De acordo com Karina Bruno Lima, doutoranda em Climatologia, temperaturas acima desse limiar dificultam a regulação térmica do corpo humano, levando eventualmente à desidratação e danos aos órgãos, podendo culminar na morte.
O Brasil Pode Realmente Ficar Inabitável?
Embora o estudo não mencione o Brasil especificamente, ele alerta que diversas regiões no mundo poderiam ultrapassar o limite de 35ºC de temperatura do bulbo úmido, o qual é considerado o limite para a sobrevivência humana. Regiões como o sul da Ásia, Golfo Pérsico e Mar Vermelho poderão enfrentar esses problemas por volta de 2050. Já o leste da China, partes do sudeste da Ásia e o Brasil, até 2070.
No entanto, isso não significa que o Brasil inteiro se tornará inabitável. Segundo Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o estudo trabalha com cenários hipotéticos baseados em observações e experiências, e os eventos não ocorrerão durante o ano todo.
O Que Podemos Fazer para Reduzir o Calor Extremo?
Então, o que podemos fazer para mitigar esses riscos? De acordo com Karina Lima, atividades humanas que produzem emissões de gases de efeito estufa, sobretudo a queima de combustíveis fósseis, são os principais culpados pelo aquecimento global. Para estabilizar essa elevação da temperatura, precisamos atingir zero emissões líquidas de CO2.
- Transição para fontes de energia renovável
- Redução no consumo de combustíveis fósseis
- Implementação de políticas ambientais mais rigorosas
- Educação e conscientização pública sobre a importância da sustentabilidade
Atingindo as Metas do Acordo de Paris
Para reduzir os impactos das mudanças climáticas, é crucial que as nações se comprometam com o Acordo de Paris. Ele estabelece metas para limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais, esforçando-se para limitá-lo a 1,5ºC.
- Reduzir emissões de gases de efeito estufa
- Adotar práticas agrícolas sustentáveis
- Promover o uso de transporte público e energia limpa
- Investir em pesquisas e inovações tecnológicas sustentáveis