Uma nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 2,1 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) no país são beneficiários do Bolsa Família. Esse número representa 14,1% do total de 14,6 milhões de empreendedores registrados em 2022, ano em que o programa era chamado de Auxílio Brasil durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Perfil dos MEIs beneficiários do Bolsa Família
O levantamento do IBGE oferece um retrato detalhado dos microempreendedores inscritos no Bolsa Família. Dos 2,1 milhões de beneficiários, 59,5% são mulheres. A maior parte desse grupo (64,5%) não possui ensino superior, contando apenas com ensino fundamental ou médio completo. A faixa etária predominante é de 30 a 49 anos, que corresponde a 58,6% dos beneficiários. Entre os que informaram a cor no estudo, mais da metade (54,5%) são pretos ou pardos.
Microempreendedorismo como complemento de renda
O estudo do IBGE também destaca que muitos beneficiários do Bolsa Família recorrem ao microempreendedorismo como uma forma de complementar a renda familiar. O Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), sistema que identifica famílias de baixa renda no país, registrou 4,1 milhões de MEIs em 2022, dos quais quase metade (49,8%) recebia o Bolsa Família.
Distribuição regional dos MEIs no CadÚnico
A pesquisa do IBGE aponta a Bahia como o estado com a maior proporção de MEIs inscritos no CadÚnico, com 41,3% dos microempreendedores sob o guarda-chuva de programas sociais. Isso significa que 4 em cada 10 microempreendedores baianos recebem algum tipo de benefício do governo. Por outro lado, Santa Catarina apresenta o menor percentual, com apenas 14,9% dos MEIs inscritos no CadÚnico.
Crescimento dos MEIs no Brasil
Em 2022, o Brasil contabilizou 14,6 milhões de microempreendedores individuais, um aumento de 1,5 milhão em relação a 2021. Esse número representa 18,8% do total de trabalhadores ocupados no país. O setor de serviços lidera a atuação dos MEIs, com 51,5% dos profissionais atuando nessa área. A atividade de cabeleireiro se destaca como a mais comum entre os MEIs, representando 9% do total.
O estudo do IBGE é o primeiro a incorporar a dimensão dos programas sociais na análise dos microempreendedores, trazendo à tona uma nova perspectiva sobre o papel do microempreendedorismo como fonte de renda para beneficiários do Bolsa Família.