Com a expectativa de uma Selic elevada por um período prolongado, os analistas indicam que 2025 poderá ser mais um “ano da renda fixa”. Não obstante, é crucial ser seletivo ao escolher os ativos, pois nem todos representam boas oportunidades. Especialistas sugerem que o cenário é favorável para títulos indexados pela inflação, recomendando cautela em relação a ativos de crédito privado.
Em 2024, a renda fixa já teve um bom desempenho, ainda que sem altas expressivas em todos os índices. O CDI acumulou um aumento de quase 11% até o final de dezembro, enquanto o IMA-S também subiu cerca de 11% no ano. Já o IRF-M teve um aumento modesto de 2,22% e o IMA-B registrou uma queda de 1,58%. Mesmo assim, este resultado foi superior à queda de quase 10% do Ibovespa no mesmo período.
Quais são as oportunidades na renda fixa para 2025?
Os títulos do Tesouro Direto indexados pela inflação, como o Tesouro IPCA+, são vistos como uma das melhores oportunidades para 2025. Esses títulos oferecem uma rentabilidade acima da inflação, proporcionando proteção contra altas inesperadas de preços. Eles são particularmente atraentes em um cenário onde a inflação é uma preocupação constante.
Guilherme Almeida, da Suno Research, enfatiza a importância de incluir esses ativos na carteira devido ao seu caráter de proteção. Com o futuro da inflação incerto, a rentabilidade dos títulos indexados por ela pode ser ainda mais vantajosa. Além disso, a combinação de ativos indexados pela Selic ou CDI com títulos indexados à inflação pode melhorar o equilíbrio das carteiras de investimentos.
Com quais ativos é preciso ter cautela?
A cautela é necessária ao investir em ativos de crédito privado. Com a Selic alta, a dívida das empresas cresce, podendo afetar sua capacidade de pagamento. Camilla Dolle, da XP, destaca que o cenário é mais desafiador para as empresas gerirem suas dívidas, exigindo uma pesquisa financeira minuciosa por parte dos investidores, caso desejem trilhar esse caminho.
Títulos pré-fixados, como o Tesouro Prefixado, também não estão em sua melhor época. Esses títulos garantem um rendimento fixo, independente das oscilações da Selic ou da inflação. Contudo, em um cenário onde essas variáveis podem aumentar, os títulos pré-fixados podem perder valor.
Por que a Selic continua alta?
A alta da Selic tem sido alimentada por uma inflação persistente, que mantém o Banco Central atento. Embora o IPCA tenha mostrado desaceleração, os números ainda estão distantes da meta. Além disso, o contexto fiscal do país desempenha um papel crucial. A meta do governo de zerar o déficit fiscal não foi suficiente para tranquilizar o mercado, aumentando assim a percepção de risco.
Portanto, apesar do cenário complexo, o momento é favorável para a renda fixa, possibilitando um bom retorno sem a necessidade de assumir grandes riscos. Entretanto, os investidores devem acompanhar as mudanças no cenário macroeconômico e ajustar suas estratégias conforme necessário, para que possam aproveitar as oportunidades de investimento disponíveis.