O debate sobre a reforma do Imposto de Renda ganhou força no Brasil com a proposta de ampliar a faixa de isenção para até R$ 5 mil a partir de 2026. A medida, que poderia beneficiar cerca de 32% dos trabalhadores, promete aumentar o salário líquido da classe média, mas também levanta questionamentos sobre justiça fiscal e impacto na desigualdade social.
Como funciona a proposta do governo?
Atualmente, estão isentos do Imposto de Renda aqueles que ganham até R$ 2.824 por mês. Com a mudança, trabalhadores que recebem entre R$ 2.825 e R$ 5 mil deixariam de pagar o imposto, resultando em um alívio financeiro significativo para essa parcela da população.
Para compensar a perda de arrecadação, estimada em R$ 35 bilhões, o governo planeja tributar mais os chamados “super ricos” — pessoas com rendimentos acima de R$ 50 mil mensais. O Ministério da Fazenda classifica a medida como neutra em termos de impacto na arrecadação total.
Benefícios e críticas à proposta
Embora a ampliação da isenção pareça vantajosa, especialistas alertam para potenciais consequências negativas. Hoje, 80% dos trabalhadores brasileiros já estão isentos do IR. A mudança beneficiaria majoritariamente a classe média alta, deixando de fora aqueles que ganham menos.
De acordo com estudos da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Unicamp, a medida pode intensificar a concentração de renda, favorecendo uma minoria com salários acima da média nacional.
O contexto tributário brasileiro
O sistema tributário no Brasil é marcado por altas alíquotas para trabalhadores e empresas, com pouca incidência sobre grandes fortunas. Em contraste, países da OCDE possuem tributações mais equilibradas, que buscam reduzir desigualdades.
A proposta de ampliar a isenção ainda precisa ser apresentada ao Congresso Nacional. Enquanto isso, o debate sobre justiça fiscal continua. A promessa de aliviar a carga tributária para a classe média pode ser bem recebida politicamente, mas enfrenta desafios em sua implementação e impactos no combate à desigualdade.