O aumento expressivo de beneficiários unipessoais no Bolsa Família está gerando preocupações no governo federal. Apesar da adoção de limites específicos para esse grupo em cada município, os dados mostram que em cerca de dois terços das cidades brasileiras os números superam as expectativas, levantando suspeitas sobre possíveis irregularidades.
Crescimento de Famílias Unipessoais
O fenômeno ganhou força nos últimos anos, principalmente em períodos em que o programa estabelecia valores fixos para o benefício, independentemente do tamanho da família. Isso incentivou práticas fraudulentas, como casais que declaravam residências separadas para obter múltiplos pagamentos. Entre 2021 e 2022, o número de beneficiários unipessoais saltou de 2,2 milhões para 5,8 milhões, mas caiu para 4,057 milhões após auditorias recentes.
Impacto Regional
Cidades como Pau Brasil, na Bahia, apresentam quase 60% de famílias unipessoais no programa, muito acima da média nacional. Grandes centros urbanos, como Belém, Fortaleza e Aracaju, também registram números desproporcionais, apontando para possíveis inconsistências nos cadastros.
Medidas de Controle
Desde setembro de 2023, a Portaria nº 911 estabeleceu o limite de 16% de famílias unipessoais no Bolsa Família por município. A medida visa conter cadastros irregulares por meio de auditorias, visitas domiciliares e cruzamento de dados. Além disso, novos cadastros estão sendo suspensos em localidades que ultrapassam esse limite, salvo em situações comprovadas.
Pente-Fino e Ajustes no Programa
O governo anunciou uma nova rodada de revisões para 2025, com foco nos cadastros unipessoais. A meta é economizar R$ 2 bilhões, garantindo que o programa beneficie exclusivamente quem realmente atende aos critérios de elegibilidade. Municípios com altos índices de famílias unipessoais, como Rio de Janeiro e Fortaleza, serão priorizados no pente-fino.